“Porto Santo é santo (…) Os Santos não chateiam e nada incomoda nesta ilha.”
| ONDE É | Arquipélago da Madeira no meio do oceano Atlântico, no extremo sudoeste europeu;
| O QUE É | Pequena Ilha rochosa e de vegetação seca, com 1 km de largura e 6 km de comprimento. Um refúgio dourado e azul, onde tudo acontece calma e descontraidamente;
| QUANDO IR | Na primavera, verão ou no outono, como a temperatura amena da ilha assim permite (Evitar os meses de época alta: julho e agosto);
| ONDE FICAR | Barracão 23 ou Condomínio Quinta do Ribeiro Salgado (Porto Santo); Apartamento Varandas do Funchal (Caso o voo não seja direto);
| O QUE FAZER | Ir até à ilha no barco Lobo Marinho (2h30 do Funchal); Ir às várias praias; dar mergulhos do nascer ao pôr-do-sol; visitar os miradouros; dar a volta à ilha de carro (1h); fazer windsurf (A ilha é ventosa) e surf (quando há ondas, na praia do Luamar); comer, dormir e repetir.
| O QUE LEVAR | Roupa de verão, jogos para entreter, livros para ler e camisolas para aquecer (quando entra o vento). Sapatos dispensam-se;
Já somos quase veteranas da Madeira. Há 5 meses atrás, estendemos a nossa jurisdição emocional pelos cantos da ilha, e colonizámos por mar e por terra.
Fizémos do mais turístico ao mais rústico e original. Madeira é Madeira. Uma ilha que merece ser amada inteira. Uma ilha que é mais do que o betão que caiu sobre as flores do Funchal.
Mas desta vez o Gang só foi ao Funchal em pé coxinho, no entretanto entre o avião e o barco (Apesar de haver voos diretos para a ilha 2x p/semana, voámos para o Funchal, não só por ser mais económico e implicar uma bela travessia atlântica a bordo da Porto Santo Lines, mas por deixar matar saudades de uma ilha onde já fomos, e vamos sempre ser, felizes: Um almoço alongado no Clube de Turismo, um sol na piscina, um banho de mar, e um jantar na Doca do Cavacas.
Ao pôr do sol deixámo-nos ficar, submersas em tons arroxeados de nódoa negra, e de papo-cheio, regressámos ao nosso apartamento no Funchal (um mimo do mais elevado nível) de onde seguiríamos no dia seguinte para apanhar o famoso ferry Lobo Marinho, para a ilha do Porto Santo.
A viagem de barco é incrível. Estava com medo que 2h30 em alto mar, redundassem entre o sono, a seca e os vómitos, mas foi um dos momentos de deambulação mais divertidos.
Jogámos cartas, falámos como se não houvesse amanhã, fomos conhecer o comandante e a tripulação, e quando a maré começou a embalar, aninhámos-nos uns nos outros, e adormecemos.
Até que, enfim, Terra à Vista! Porto Santo é santo para os madeirenses, e nós conseguimos perceber porquê. Os Santos não chateiam, nada incomoda nesta ilha.
Chegámos e fomos directas ao Barracão. E aqui, temos que ser justas e honestas como a nossa mãe nos ensinou, e dizer, com todas as palavrinhas sem filtros, que o Barracão foi a melhor fatia do bolo. Só pelo nome, já é a cara do Gang.
Sabíamos muito pouco sobre o teto que nos ia dar abrigo 5 noites, mas ficámos com palpitações quando soubemos que era uma barraca com as estacas assentes na areia.
A ideia de se desvincular dos sapatos, não tem só a ver com o pé descalço, tem a ver com a alma escancarada sem pudor. Por muito que te sacudas, há sempre um pedaço de verão que vive colado a ti.
O Barracão 23 de seu nome, e de seu número, é um daqueles sítios onde toda a gente é feliz. Não tem como não.
Faz parte de uma correnteza de barracões à beira-mar, antigamente destinados aos barcos dos pescadores que se aventuravam oceano adentro.
Corridos os marujos e as embarcações, e montaram-se casas para outro tipo de aventureiros: Os que gostam de explorar a arte da boa vida.
No cubículo surge um espaço onde cabe tudo o que se quer: Uma sala generosa com uma cozinha e uma boa mesa de jantar, duas casas de banho e 4 quartos duplos.
Três deles são “camaratas”, construídas em altura e acedidas por escadotes de madeira, como quem trepa à àrvore onde todos sonhámos ter uma cabana. É com a mesma simplicidade com se equipam: colchões no chão e um candeeiro para os que quiserem adormecer no embalo das palavras impressas em papel. É uma questão de espaço, mas acima de tudo, de prioridades: Os quartos são para dormir, porque o Barracão serve para conviver. A arquitetura é desenhada numa esquadria estratégica que desafiar as leis do espaço.
No andar de baixo fica o quarto de casal, para o amor e uma cabana, numa comodidade mais convencional, mas não menos digna.
Mas o maior mimo de todos, está nas portadas abertas sobre a generosidade morna do atlântico. E quem tem no mar um quintal tem uma vida inteira pela frente.
Depois foi só curtir, literalmente curtir. Caminhadas matinais até à Calheta para os mais velhos, mergulhos do cais para a canalha pequenina, doce procrastinação caseira para a minha adolescente, com bom wifi, e uma espreguiçadeira generosa para a Marta virar página e tremoço, em igual proporção.
9 Kms de praia, de lá para cá, de cá para lá. Ao final do dia um gin, um pôr do sol, um mergulho, um banho de mangueira e mais um loop delicioso do melhor “fazer nenhum”.
De quando em quando um restaurante, um miradouro e um passeio, tudo a 10 min e em menos de duas horas já estávamos a armar barraca outra vez.
Como o Gang é poupadinho e gosta de fruir dos sítios onde está, o que inclui vasculhar e usar tudo o que há na dispensa e todos os utensílios de cozinha, comemos muitas vezes em casa, o que significa que há pelo menos duas máquinas de loiça por dia.
Mas na mesa nada faltava, com barraquinhas de fruta e legumes à porta de casa, e um supermercado Pingo Doce a 2 min a pé.
Havia tanto bolo de caco, como azeitonas e chocolates. Há uma certa segurança e conforto numa dispensa cheia, não dispensamos esse atributo, nem que tenhamos de comer salada de feijão frade em três refeições seguidas.
Passádos os dias, umas vezes a correr, outras devagar, regressámos ao Funchal com voo agendado para o dia seguinte. De olhos ainda a arder do sal, e o corpo quente do mar morno que só se abandona se a pele estiver encartilhada, zarpámos na última embarcação do dia. Deixámos que o mar nos embalasse e sonhámos com o sonho que nós mesmos já tínhamos vivido.
Mais do que o corpo frenético, amaciamos de torpor a alma, lembrámos as solas dos pés, o valor da nudez mais pura e regressámos as aulas com a maior lição aprendida: O corpo precisa de Liberdade para se encontrar, para se pacificar e para se solidificar. O que é sério e tanto é a certeza que encontras isso “neste” Porto Santo.
| OBRIGATÓRIO PÔR O PÉ |
- Praias: Luamar (praia com ondas onde fica a On Water Academy para beber uma cerveja ou alugar uma prancha); Porto dos Frades; Calheta
- Comer uma Lambecas ( gelado cremoso e delicioso);
- Beber uma poncha na Taberna o Banheiro (quem diz uma diz duas, quem diz duas diz seis) ;
- Visitar o ilheú do Faról (de barco);
- Ir às Salemas: Piscinas naturais nas rochas, numa paisagem rodeada por mar e escarpas (ir apenas quando está maré baixa);
- Ir ao Zimbralinho (praia de calhau);
- Miradouros: o da Portela, com os moinhos de vento circundantes; o da Pedreira no Pico Ana Ferreira; o das Flores com vista sobre a Madeira e as ilhas Desertas.
- Subir ao Pico do Facho (ponto mais alto da ilha com 517 metros) e ao Pico do Castelo;
- Restaurantes: O Corsário (buffet de picanha na praia); Tia Maria (O restaurante de praia com mais pinta da ilha; encomendar o peixe fresco do dia); O Torres (Obrigatório provar o polvo); Porto dos Frades (Espetada)
E por último um brinde, de poncha claro, às almas generosas que fizeram de tudo para que pudéssemos gozar a sua ilha da melhor forma possível:
Obrigada à Maria João Clode, dir. de marketing da Porto Santo Line, por ter levado o Gang a bordo do ferry, nos maravilhosos aposentos da 1ª Classe;
Obrigada à Paula Jardim Fernandes, por nos ter albergado no seu esconderijo mágico, o Barracão23;
Obrigada à Joana Sardinha por abrir as portas do Clube de Turismo do Funchal, para que o nosso único dia na ilha fosse gozado em plenitude;
E por fim, mais que OBRIGADA à Claúdia Caldeira (Caia para os amigos), por ter feito esta ideia, deixar de ser projeto e levantar voo: Não só ofereceu as passagens de avião, como a sua maravilhosa companhia, amizade, e o “muito mais” que só sabe quem privou naquela ilha.
| CONTACTOS |
Barracão 23: Reservas: 965012204; Site: https://www.barracao23.com/
Quinta do Ribeiro Salgado: telf. (+351 929 165 210); Site; email: claudia@checkinno.com
Varandas do Funchal: telf.: +351 929 165 210; email: claudia@checkinno.com
Ferry Lobo Marinho: https://www.portosantoline.pt/