“A possibilidade de poder parar, e contemplar um momento exactamente como ele é, só se consegue quando vamos a pé.”
| QUEM ÉS TU? |
Sou um fotográfo apaixonado por viagens, fotografia e pessoas.
Hoje em dia, dedico-me às viagens de descoberta cultural e aventura de forma profissional, contando já com viagens à Islândia, Mongólia, Madagáscar, Laos, Cambodja, Tailândia, Kenya, Marrocos, Itália, França e à vizinha Espanha, entre outros.
Mas é a pé que gosto de viajar, de fotografar e de contactar com as pessoas. É desta forma que sinto um contacto mais genuíno com tudo o que me rodeia. A possibilidade de poder parar, em qualquer altura, e contemplar um momento exactamente como ele é, só se consegue quando vamos a pé.
No meu portfolio fotográfico, conto histórias passadas entre a África, Ásia e a Europa. Internacionalmente, já expuss no Brasil e em Paris, para além de ter sido distinguido no livro “Talents 2010 – Darqroom” com alguns dos meus trabalhos fotográficos.
Em Portugal, realizei várias exposições, para além de ter editado o livro “Uma janela para Marrocos”.
Desde o início de 2013, que me tornei, também, Tour Leader e trabalho para a agência Nomad, colaborando em experiências em vários países.
Em 2016 tive a ideia de criar um Festival Internacional de Fotografia e Vídeo de Viagem e Aventura e, com a ajuda de 3 amigos e uma enorme equipa de voluntários, organizei o National Geographic Exodus Aveiro Fest, que decorre desde 2017, em Aveiro.
Olho para trás, depois de ter largado o meu trabalho de engenheiro do ambiente, há 3 anos atrás, e ter abdicado de uma vida estável e supostamente segura, vejo que, na prática, tudo o que faço soma as minhas grandes paixões: a fotografia e as viagens. Agarrei as oportunidades de me desenvolver enquanto pessoa e persegui as coisas que gosto verdadeiramente de fazer .
Ao longo da vida, colecionei formação na área da fotografia, aceitei o desafio para começar a dar os primeiros workshops, organizei viagens, e concretizei meu espírito empreendedor numa escola chamada escutismo. Juntando, a tudo isto, as aventuras que vivi e me marcaram, deixando consigo a vontade de conhecer ainda mais o mundo, tornei-me num ser humano curioso, cheio de ideias e projetos, que não descansa enquanto não os realizar a todos.
| QUEM É O TEU GANG? |
Diria que tenho mais que um, ainda que isso faça com que seja difícil estar tanto quanto gostaria com todos eles.
O meu Gang mais presente é o gang “Trilhos da Terra” e “Exodus” liderado pela Isabel Gonçalves, Pedro Cerqueira, e malta com quem falo todos os dias, ergo planos, e partilho dores e projetos.
Também tenho o gang da “5ª a fundo”, grupo de amigos vindos dos tempos de escuteiros e das peregrinações a Santiago, que, a dada altura, começou a jantar às 5ªs feiras (hoje em dia, cada vez mais, às 3ªs feiras).
Há ainda o gang da Nomad, malta de uma equipa de líderes de viagem que respira os mesmos valores e gosto por mostrar o mundo aos outros.
| DE QUE MATÉRIA É FEITO? |
A matéria base é a humanidade – A compreensão pela essência dos outros. Depois acrescenta-se a imaginação, a curiosidade pelo mundo, a criatividade e a proatividade.
Isto, associado ao gosto e à vontade de ajudar a cuidar do planeta com respeito. Tudo regado com muita paixão e impulsividade (e alguma imprudência).
Nada dá mais gozo do que realizar ideias e torná-las realidade, com o um gang que se alimenta dos mesmos valores.
| ÉS MAIS PÉ DESCALÇO OU PÉ CALÇADO? |
Como me sinto melhor é descalço. É a primeira coisa a fazer ao chegar a casa. Ainda que seja uma pessoa de extremos: para caminhar ou calçado ou descalço.
Não há cá meios termos, de usar “havaianas”, chinelos ou outros, porque não me ajeito com isso. Nada como sentir o pé na terra, na areia ou na relva.
| QUAL FOI O CHÃO MAIS ESPECIAL QUE JÁ PISASTE? |
Nasci no mar, vivi 9 anos a uns 500 metros da areia. Mas apesar disso, sinto que sou uma pessoa mais “da serra”. São as montanhas que me fazem estremecer e me espantam. Sempre que fecho os olhos para imaginar uma fotografia de uma paisagem imagino montanhas.
Em Portugal, há um destino que considero imperdível: a Serra do Alvão. Há pouca coisa que se assemelhe a estar ali, nas escarpas daquela serra, e ouvir o poder da natureza. É uma experiência que me ecoa frequentemente.
As montanhas, dunas e praia de areia negra em Vestrahorn na Islândia, também são um regalo para a vista. Assistir às auroras boreais a dançarem, é um espetáculo como há poucos.
| ONDE SONHAS METER O PÉ? |
Um pouco por todo o lado, há imagens que me fazem querer teletransportar para imensos sítios.
Digo muitas vezes que morreria feliz acrescentando 3 destinos aos que já visitei até agora: O Alasca, a Nova Zelândia e a Patagónia.
Com isto, ficarei realizado, ainda que, não acredite que saciado.
Tenho, também, apontados na minha lista, os Parques Nacionais Americanos, o Bangladesh, o Sudão do Sul, Tibete, Jordânia, e todos os países com cultura viking na lista.
Se tivesse tempo infindável para viajar, gostaria de fazer 3 percursos de longa distância a pé: o E9 (de Sagres a São Petersburgo), Pacific Crest Trail (Costa Oeste Americana) e o Apalachian Trail (Costa Este Americana).
| O QUE É QUE TE TIRA OS PÉS DO CHÃO? |
O click de sentir que tive uma boa ideia, e o concretizar de projetos com o sentido de missão cumprida. A sensação de superação.
Em viagem, sentir que, no meio do nada, conseguimos fazer amigos e partilhar momentos com estranhos.
Poder ajudar alguém, sentir-me útil e sobre isto há uma história: Em 2015 quando fazia a viagem de prospeção da ida a Madagáscar, estava no comboio entre Fianarantsoa e Manakara (mais de 17 horas de percurso), quando numa das paragens no meio do nada, conheci a Niri (que mais tarde fiquei a saber que também se chamava Bernardette), uma miúda de 7 anos. Já transportava o irmão às costas e ficava ali, junto aos outros miúdos da aldeia à espera que o comboio passasse.
Eu estava a comer uns mouffballs e umas chamuças e decidi dividi-los com a Niri. Ela ia guardando o que lhe dava e, quando tocou o apito de partida do comboio pus-lhe no bolso o que me tinha sobrado.
Depois de entrar na carruagem, ao olhar pela janela, vi Niri a partilhar o que lhe tinha dado com os outros miúdos. Por todas as razões óbvias, essa foi uma situação que marcou, cá dentro.
Em 2016, passei por lá de novo, e a situação repetiu-se outra vez, o que me fez sentir que aquela criança era especial. Surgiu em mim uma urgência de a ajudar a ter uma vida diferente, fora daquela dura e pobre realidade; uma vida que não dependesse de um comboio que ali passava apenas duas vezes por semana.
Passados dois anos, lá consegui reunir condições para a ajudar, e junto com a sua família, fazendo da educação da pequena Niri a prioridade para a oportunidade para uma vida que se espera um pouco melhor.
Certo dia li que, muitas vezes, quando nos deparamos com um problema muito abrangente e que afeta muita gente, ficamos à espera que chegue o dia em que tenhamos condições para poder contribuir e ajudar. O que nos esquecemos, é que, às vezes, podemos começar a fazer a diferença por uma só pessoa. E isso, já é razão suficiente para me tirar os pés do chão.
| O QUE É QUE TE FAZ SALTAR A PÉS JUNTOS? |
Dias de 48 horas (tempo), música, e abraços verdadeiros; deparar-me com sítios incríveis, pela primeira vez.
| O QUE É QUE TE FAZ TREMER DOS PÉS À CABEÇA? |
A ansiedade de falar para muita gente, ainda que o faça com alguma regularidade, o nervosismo é sempre gigantesco.
Maus tratos e abandono de Idosos, Crianças e Animais. Vem-me muitas vezes à cabeça uma imagem fugaz de crianças a tremer de frio no exterior a partir da janela de um comboio em Madagáscar. Essa visão nunca mais me abandonou.
Tira-me do sério que, governos de países mais pobres culturalmente, não apostem na educação, ainda que compreenda que no meio de todo o cenário possam existir outras prioridades. Custa-me chegar a uma aldeia em que a escola são quatro estacas uma chapa de zinco a fazer de telhado, equipadas apenas com uma mesa e um quadro. O interessante é ver que os miúdos mostram orgulhosamente que sabem a lição: Com tanta coisa em falta, valorizam verdadeiramente o essencial. Depois de me deparar com isto, penso na nossa realidade nacional e a desproporção faz-me confusão.
| QUAL É A TUA PEGADA? |
Sinto que a pegada que pretendo deixar tem por base várias causas. Acima de tudo, a minha causa são as pessoas. Com o passar do tempo, fui compreendendo que, se tenho a capacidade de organizar eventos/ações que podem ser de grande utilidade informativa/inspiracional para o universo de gente que me rodeia, então era mesmo isso que devia fazer.
É isso que me dá sentido à vida: quando juntas tudo o que és e o que tens para dar e o entregas aos outros. Foi assim que surgiu o National Geographic Exodus Aveiro Fest: Um evento em que as pessoas são inspiradas a conhecer mais o mundo, as diferentes culturas, as diversas questões humanitárias e ambientais e, sobretudo, serem inspiradas a procurar o seu propósito que as há-de conduzir a um caminho de felicidade e realização pessoal.
Por outro lado, não tendo filhos, apenas sobrinhos, senti que os valores transportados no Exodus deviam chegar aos mais novos, e assim nos Trilhos da Terra, surgem os Explorers: Workshops para miúdos com sede de conhecer o mundo, com vontade de se conectar com a natureza e começar a concretizar pequenos projetos.
| O LEVAS NA MALA? |
Ainda que óbvio e cliché: câmara ou câmaras fotográficas, música.
| O QUE TRAZES DE REGRESSO? |
Diria que nas viagens coleciono pequenos momentos com pessoas novas, com estranhos a quem peço para me deixarem fazer um retrato. Trago experiências de ver a vida a passar mais devagar, trago cores e sabores diferentes, trago a contemplação de céus estrelados ou noites de conversa de volta de uma garrafa.
SABER MAIS:
https://www.facebook.com/Bernardo.N.Conde
https://www.facebook.com/BernardoCondePhotography/
https://www.facebook.com/Trilhos.da.Terra/
https://www.facebook.com/nationalgeographicexodusaveirofest/
Parabéns
São pessoas como o Bernardo que nos inspiram a ir e a perceber o quanto somos todos, intrinseca e genuinamente, iguais. Guardo, para sempre, os encontros que fiz nas minhas modestas viagens, as partilhas que tive, os sorrisos que troquei…Trago comigo essas pessoas.❤️ E anseio sempre por mais. A Mongólia está na Bucket list!
Este homem é um senhor!!! Tenho uma enorme admiração pelo Bernardo!